Por Juliana dos Santos Soares
09/09/2020
Esse é um texto diferente do que estou acostumada a publicar por aqui. É um olhar sobre a vivência “Vamos nos permitir”: sobre viver o amor em tempos líquidos, feito por meio de trechos de canções que foram surgindo, no grupo, no momento do compartilhar do encontro. A forma como elas se relacionaram nesse momento, mais do que compor uma playlist, conta uma história do que foi construído ali. Portanto, é uma forma de relato. Além disso, para mim significa o quanto o trabalho de grupo é potente, mesmo quando mediado por tecnologias (essa vivência aconteceu online). E compartilho porque compõe uma reflexão que achei muito linda.
(Todas essas músicas estão na playlist do Spotify construída para a vivência e a partir dela – para ouvir, clique aqui. E junto a cada canção está o link para ouvi-la, individualmente)
Quando estávamos compartilhando o que a dramatização despertou em cada pessoa presente, e observando as conexões e identificações entre nós (mesmo com as particularidades de cada um/a), uma participante se lembrou de “De janeiro a janeiro” (Roberta Campos, gravada por ela com a participação do Nando Reis):
O universo conspira a nosso favor
A consequência do destino é o amor
E outra participante trouxe um trecho de “Assim sem disfarçar” (Moska, gravada por ele), marcando que, mesmo que estejamos em pura sintonia, no grupo e nos relacionamentos amorosos, temos as nossas diferenças e é importante respeitá-las:
De cada imagem errada
Que a velha palavra usada nos traz
De tudo que signifique
Que para sermos um temos que ser iguais
O trecho seguinte é de “Como dizia o poeta” (Toquinho e Vinícius de Moraes, aqui gravada pelos dois e Marília Medalha), lembrada no sentido de não nos deixarmos desencorajar pelos nossos desencontros amorosos:
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu, ai
Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não
Finalmente, uma participante lembrou da canção “Feito pra acabar” (Marcelo Jeneci, Paulo Neves e Zé Miguel Wisnik, gravada pelo Jeneci) e de uma canção-resposta a ela, “Feito pra continuar” (composta e gravado por Carlos Careqa). Achei linda e pertinente a lembrança de que nós não acabamos com o fim das nossas histórias, mas podemos nos transformar:
A gente é feito pra se transformar
A gente é feito pra continuar
Nunca se acaba, nem quando termina
Termino esse relato expressando minha gratidão a todas as pessoas que estiveram presentes nesse encontro-composição, e lembrando do convite que o Lulu Santos nos faz na canção que foi a primeira inspiração para a vivência, “Tempos modernos”:
Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir…
Imagem de MorningbirdPhoto por Pixabay
Seu relato me faz pensar no “serviço” que nos prestam as músicas, as canções, as palavras …sonorizam( dão vida)a alma da gente. Grata.
Verdade!
Canções podem ser terapêuticas.
Um abraço forte, Dolores!