Por Anna Cláudia Eutrópio
12/05/2017
A semana do dia das mães é sempre recheada de anúncios e textos que ressaltam a maternidade como um papel sublime e maravilhoso que as mulheres desempenham. Mas não me sinto contemplada com esses comerciais. Minha sensação é que o mundo está dividido e está difícil encontrar paz e esperança para criar nossos filhos… Mas também não é sobre isso que quero escrever.
Eu quero mesmo falar da minha mãe. E da minha filha que pode ser que seja mãe um dia. E como estar no meio dessa tríade tem me mobilizado. Já sou mãe de um menino lindo, mas a chegada de uma menina que pode vir a ser mãe, me colocou em contato forte com a minha própria mãe e com esse feminino transgeracional que nos conecta.
Tenho pensado nas teorias de Bert Hellinger e na importância de honrar os antepassados. Tenho pensado nas várias religiões que saúdam essa energia que transborda entre as gerações. Tenho pensado em quantas mulheres me antecederam nesse papel de mãe que agora eu desempenho. Pensado em minhas avós, pensado em minhas bisavós, pensado nas histórias que escuto de luta e resistência de cada uma delas. Tenho pensado em minhas tias que também foram minhas mães e em minhas tias-avós que também foram minhas avós. Tenho pensado em toda a força que jorra nessa corrente entre mulheres no exercício da maternidade.
Eu poderia falar das mães encarceradas, eu poderia falar das mães que são separadas de suas crianças por questões de vulnerabilidade, eu poderia falar das opressões cotidianas que nós mulheres vivemos e que são potencializadas com a maternidade, eu poderia falar de várias coisas. Mas optei por falar da força que sinto e que me conecta com todas as mulheres que vieram antes de mim e que me fazem ter força para cuidar da mulher que gerei, minha filha.
E que me faz lutar para construir um mundo mais justo para todas as mulheres. Que me faz buscar formas para que toda essa força que me precedeu jorre na minha vida e em minhas atividades. E que isso transborde em todas as mulheres que eu conhecer pelo caminho, sejam elas mães ou não.
Porque, para mim, sororidade é isso. É estarmos juntas permitindo que a força que cada uma conquista (e tenho que reconhecer a infinidade de privilégios que disponho como mulher branca escolarizada facilitando várias conquistas) transborde para outras mulheres. E para outras mães. E para outras filhas.
Penso em todas as minhas alunas. Penso na força que é meu dever transbordar para elas.
Exerço minha maternidade, enquanto transbordamento de força, quando sou professora.
Exerço minha maternidade, enquanto transbordamento de força, quando sou psicóloga.
Exerço minha maternidade, enquanto transbordamento de força, quando sou mãe.
Penso em todos exercícios possíveis de maternidade que incluem aqueles que não são nossos filhos. Exercer a maternidade não passa apenas por gerar um ser humano, mas por humanizar todos os seres com os quais você encontra. E isso é feito por inúmeras pessoas, inclusive várias que nunca geraram ou criaram especificamente uma criança.
Que nesse dia das mães possamos saudar a todas que transbordam esperança!
Imagem: Pixabay
Um comentário em “Exercer a maternidade é humanizar e transbordar força”