Por Juliana dos Santos Soares
11/06/2018
O dia dos namorados está aí. Dá para sentir o “clima” no ar. Na mídia, redes sociais e propagandas para você “presentear o seu amor”.
Nessa época, fico pensando em quem não está num relacionamento amoroso. E fico me lembrando de mim mesma, nos vários anos em que estive solteira nessa data. Normalmente estava presente um sentimento de inadequação, como se eu fosse incompetente por não estar namorando nesse dia dedicado a “celebrar o amor”. Vejo o quanto essa realidade é comum nos relatos de pessoas amigas e daquelas que estão em psicoterapia comigo. Então, esse texto é uma conversa com quem está só e sente-se mal com isso. É também um convite para quem está, sim, num relacionamento, mas deseja ter um olhar um pouco mais crítico para essa data e as nossas vivências amorosas.
O caso é que nossa cultura supervaloriza o amor romântico, como se estar num relacionamento fosse pré-requisito para a felicidade. Como na música de Tom Jobim: “Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho”…
Na verdade, não é só com o amor. Nós sofremos pressão constante (e exercemos pressão sobre as outras pessoas) para que alcancemos algumas coisas nessa vida, que nos dão o direito de nos dizermos felizes: é preciso estar na moda, é preciso ter sucesso profissional, é preciso atender a um padrão de beleza (cobrança especialmente cruel para as mulheres) e, claro, é preciso ser feliz no amor! Ter alguém na vida que te faça muito feliz e, de preferência, também atenda a todas as condições de felicidade. É muita exigência! E quando achamos que estamos OK com tudo, ficamos felizes conosco! Passamos a ostentar essa felicidade, mostrando a todo mundo a nossa vitória – Nós somos especiais!!! Por outro lado, se não estamos OK, sentimo-nos fracassadas/os, pessoas infelizes que perderam no jogo do amor.
E é aí que acho importante parar um pouco. Dar um passo atrás, se desmisturar desse sentimento e fazer uma leitura um pouco mais maliciosa de tudo isso. Viver um relacionamento amoroso é uma maravilha! Especialmente se for uma relação saudável, em que as pessoas envolvidas se amam e se respeitam, cuidam de si mesmas e umas das outras, respeitam seus limites, sabem atravessar os momentos difíceis e crescem juntas. Em contrapartida, estar só não é o fim do mundo. Há relacionamentos que minam nossa energia, nos fazendo mais mal do que bem. Nesses casos, é mais interessante se desvincular – é o “antes só do que mal acompanhada/o”. Além disso, estar só tem as suas vantagens. (Já fiz referência a isso no texto “No amor, quem perde quase sempre ganha” – para ler clique aqui.) Inclusive pode nos ajudar a refletir sobre padrões de relacionamentos que repetimos, a avaliarmos o que é positivo e o que vale a pena mudar.
E é aí que eu deixo de lado o Tom Jobim e chamo a Zelia Duncan, em música composta por ela e Christiaan Oyens: O lado bom. (Com animação fofinha nesse vídeo do youtube)
Para ir fechando…
Se você está num relacionamento amoroso, e ele é positivo, aproveite! Celebre mesmo o amor, não apenas num dia convencionado, mas no dia a dia da vida. É aí que o amor se alimenta e cresce. Não necessariamente com presentes ou imagens, para que as pessoas vejam que você está feliz e “venceu essa”. O amor é muito mais do que isso.
Se você não está num relacionamento amoroso, seja gentil com você. Está tudo bem. Nossa vida é feita de encontros e desencontros. Isso não atesta sobre quem é você ou o valor que você tem. E há um monte de gente na mesma situação. Experimente não se cobrar, como se estivesse em fracasso. Ouse celebrar o amor, de outras formas. A começar pelo amor-próprio: se você não está bem com a data, acolha-se. Perceba a sua necessidade nesse momento e dê-se aquilo de que você precisa. Trate-se bem, como você gostaria de ser tratada/o por alguém que muito te ame. Amar tem a ver com atenção e cuidado, e tudo começa é na nossa relação conosco.
Adorei o texto e o assunto! Apesar de ter um relacionamento estável há muitos anos, me peguei pensando hoje nesta data convencionada como “ O dia dos namorados” e percebi que nos dias atuais os meus momentos de solidão são de extrema produtividade. Demorei para amadurecer este sentimento, mas amo estar sozinha com meus pensamentos. Tenho necessidade diária de estar sozinha e de me ouvir. Acho que a Terapia me ensinou a me ouvir! E o Amor começa sempre pelo amor próprio, para posteriormente ser dividido. Obrigada Juliana por me ensinar a estar em processo terapêutico todos os dias e me ajudar a ser uma pessoa melhor. Parabéns pelo site, ele está lindo! 💞😘
Obrigada, Marcela querida, pelo seu compartilhamento.
Tão importante isso, né? Sabermos estar conosco, sermos boas conosco para então poder dividir…
Sou muito grata pela oportunidade de fazer parte da sua caminhada.
Mantermos o contato – e a importância – é lindo!
Beijos