Por Evandreson Rodrigo
14/09/2017
Sobre muitos protagonismos me conta esse filme.
Surgem-me perguntas: que história eu conto para meu monstro?
Quantos papéis vivo e revivo nas minhas histórias? Quantas verdades meus braços não alcançam e então me aconchego numa meia-verdade mentirosa?
“Não sei” é a resposta mais honesta que consigo me dar agora.
Não sei as respostas. Sei apenas que elas vão se fazendo…(estou mentindo ou seguindo enganado?) Reformularei minha frase: apenas sei que vou me fazendo junto com as respostas nas voltas que os ponteiros dão.
A cada história aparentemente sem sentido me aproximo da verdade. Será mais difícil do que eu imaginaria ser. Saber-se na vida tem um preço. E eu fujo da dor. Evito o sofrimento mesmo sentindo que “não sofrer” me distancia de verdades ou me aproxima de equívocos. Eu pressinto que nas minhas sombras olhos vermelhos me observam. Eles estão atentos a todas as manobras que desenho nas minhas histórias. Isso me aterroriza.
Então para fugir da execução respondo ao protocolo de bom cidadão, de filho compreensivo ou de raro bibelô.
Evito a correção pois ela desvenda minhas vergonhas. Não falto a compromissos, pelo contrário compareço a todos deixando lá meu corpo presente.
E no escuro elejo uma punição. Alguém assumirá esse papel. Não sei quem, estava escuro e eu não vi.
É preciso doer para que eu aprenda e me sinta des-culpado das fraquezas.
É necessário doer e ao doer ser.
Entregar-me às verdades assemelha-se a precipitar-me num vazio desconhecido. Seria como morrer para o medo pulando para verdades suicidas.
Então a cancela se fecha e observo boquiaberto o trem da vida passar com suas janelas iluminadas.
É chegado o momento do diálogo do novo com o velho, do menino com o ancião, do passado com o presente. É hora de despedidas.
Quantos papéis se confluem nessa estação? O pai, o filho, o espírito santo, o espírito maligno. O culpado, o algoz e o salvador.
Talvez todo o cacho de papéis esteja presente se formando e formatando.
E aquele monstro horroroso e assustador pode ter se tornado a única esperança de salvar a ação.
E eu sobrevivo à queda. Tenho outras histórias para contar.
Ressonâncias são reflexos, repercussões de um estímulo em outros corpos ou sistemas. Aqui, trata-se de como algo chega até alguém: o que gera? Sentimentos, reflexões, texto, poesia… Minhas ressonâncias do filme “Sete minutos depois da meia-noite”. E em você, o que esse filme gera? Deixe nos comentários!
Sinopse do filme (por adorocinema.com): Conor (Lewis MacDougall) é um garoto de 13 anos de idade, com muitos problemas na vida. Seu pai é muito ausente, a mãe sofre um um câncer em fase terminal, a avó é uma megera, e ele é maltratado na escola pelos colegas. No entanto, todas as noites Conor tem o mesmo sonho, com uma gigantesca árvore (Liam Neeson) que decide contar histórias para ele, em troca de escutar as histórias do garoto. Embora as conversas com a árvore tenham consequências negativas na vida real, elas ajudam Conor a escapar das dificuldades através do mundo da fantasia.
Imagens: Divulgação