Ser Psi: Cuidar de si para cuidar do outro
No mês em que se comemora o dia da/o Psicóloga/o em 2019, propusemos uma vivência para celebrar as alegrias da nossa profissão e, ao mesmo tempo, abordar os desafios inerentes a ela. A imagem da/o profissional de Psicologia está muito associada ao apoio e cuidado, mas precisamos nos lembrar sempre de que somos pessoas, com nossas necessidades e vulnerabilidades. Nossa profissão é muito bonita, mas muitas vezes é desgastante.
A maioria de nós, atuando em qualquer das áreas da Psicologia, se inspira no desejo de cuidar e ajudar as pessoas, grupos e organizações. Esse cuidado envolve alguns desgastes, a começar pelo próprio modelo de cuidado predominante na nossa sociedade, que remete a abnegação (renunciar aos próprios interesses para cuidar do outro), podendo chegar ao sacrifício. Outros desgastes possíveis tem a ver com o contato constante com o sofrimento, a sensação de impotência que experimentamos quando não conseguimos ajudar como gostaríamos… Tudo isso é capaz de provocar em nós o que Kristin Neff, em seu livro Autocompaixão, nomeia como fadiga de compaixão: um tipo de exaustão e esgotamento que ocorre frequentemente com terapeutas, enfermeiros e outros cuidadores e que é consequência do fato de lidar continuamente com o sofrimento de outras pessoas.
Nessa vivência nós trabalhamos com o Sociodrama, uma metodologia em que as pessoas participantes entram com seu corpo em ação para abordar um determinado tema. A partir das cenas/dramatizações realizadas no dia e na conversa que tivemos a partir delas, compartilhamos a reflexão: como podemos nos cuidar melhor, de modo a recarregar as nossas baterias emocionais para estarmos inteiras/os para o outro?
Kristin Neff, em seu livro, dá algumas dicas pontuais para serem aplicadas no dia a dia quando sentirmos necessidade:
- Fazer uma massagem ou se dar outros tipos de mimo;
- Tirar um cochilo no meio do dia;
- Ir assistir a uma comédia no teatro ou cinema – o riso é ótimo para relaxar a tensão;
- Ouvir uma canção que acalme;
- Alongar-se ou fazer ioga por meia hora;
- Caminhar na natureza;
- Dançar;
- Praticar meditação;
- Presentear-se com uma boa taça de vinho ao final do dia, para ajudar a relaxar.
E nós complementamos com atos de cuidado mais amplos:
- Reconhecer as dificuldades de lidar com os desafios e o sofrimento em seu cotidiano;
- Cuidar de si na própria psicoterapia;
- Quando for necessário, buscar a supervisão de um/a colega para ajudar a “desemaranhar nós” que estejam presentes em algum atendimento;
- Prezar pela qualidade nos relacionamentos familiares e afetivos;
- Colocar limites nesses relacionamentos – não podemos “abraçar o mundo”;
- Cuidar da própria alimentação, qualidade de sono, atividades físicas;
- Fazer questão de lazer de qualidade.
Também surgiu com muita força na nossa vivência o tema da falta, como ela nos amedronta mas também é importante em nossas vidas. E um refrão musical que nos lembra de nós mesmas/os. Confira nos próximos textos.
A força que a falta tem
A falta faz parte da condição humana. E um ser humano que cuida de outros seres precisa estar forte, mas forte também para reconhecer as próprias necessidades e, a partir daí, atendê-las. Texto escrito a partir da vivência psicodramática “Ser Psi: cuidar de si para cuidar do outro”.
“Preciso lembrar que eu existo”
Lembrar que existimos pode nos ajudar a nos cuidarmos melhor, a respeitar nossos próprios limites e nos dar o que precisamos e, assim, estarmos bem e fortes para dar o nosso melhor para a vida. Texto escrito a partir da vivência psicodramática “Ser Psi: cuidar de si para cuidar do outro”.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Neff, K. Autocompaixão: pare de se torturar e deixe a insegurança para trás. Teresópolis, RJ: Lúcida Letra, 2017.
FACILITADORAS
Juliana dos Santos Soares
Psicóloga
CRP: 04/21.049
Psicóloga clínica pela UFMG, atende Psicoterapia de adultos, Terapia de casais e Psicoterapia de grupo. Pós-graduada em Psicodrama; professora da Pós-graduação em psicodrama do IMPSI – Instituto Mineiro de Psicodrama Jacob Levy Moreno; tem formação em Gestalt-terapia e treinamento em Constelações familiares segundo Bert Hellinger.
Anna Cláudia Eutrópio
Psicóloga
CRP: 04/20.233
Psicóloga, Doutora em Educação pela UFMG, Pós-graduada em Psicodrama; professora da Pós-graduação em psicodrama do IMPSI – Instituto Mineiro de Psicodrama Jacob Levy Moreno. Coordenadora do “Nós e voz” que é uma iniciativa em educação em sexualidade. É mãe de duas crianças lindas