O que você escolhe?

Por Juliana dos Santos Soares

31/01/2013

 

É o último dia do primeiro mês de um novo ano. Aproveito o – ainda – clima de virada, novos planos e projetos (eles estão caminhando? Ou só depois do Carnaval?) para propor uma reflexão: O que você escolhe? O que eu escolho? O que nós escolhemos para nossa vida?

Ao deixar esse tema fazer-se presente, não consigo tirar da cabeça “Bom pra você”, música gravada pela Zélia Duncan, dela e do Christiaan Oyens. Na verdade gosto muito dessa música, ganhei de presente de aniversário esse CD na época em que ele foi lançado, com os versos da canção como dedicatória de familiares muito amados. O fato é que ela diz muito para mim. Permitir o que é bom; mostrar o que é bom; perceber o que é bom… Descobrir o que é bom!…

Então me pergunto sobre o que é bom para mim. E compartilho: O que é bom para você, afinal? Fazer aquilo que te dá prazer? Abrir mão de alguns deleites em nome de um propósito? Ter ou realizar o que é socialmente valorizado? Focar no seu desenvolvimento pessoal? Curtir a vida adoidado? Qual o critério que te leva a eleger o que te faz bem?

Jacob Levy Moreno, o pai do Psicodrama, tem como um de seus principais conceitos o de Espontaneidade. Esse é um termo que ouvimos muito por aí, na nossa vida cotidiana, muitas vezes significando “fazer o que lhe vem à mente”, sem muita reflexão ou senso de oportunidade. Para o Psicodrama, a Espontaneidade está diretamente ligada à saúde das pessoas e de suas relações, e tem um significado um pouco diferente: agir de modo satisfatório diante de situações novas, ou de modo novo – e satisfatório – diante de situações já conhecidas. Envolve senso de adequação, que não tem a ver com cumprir normas e padrões sociais (uma das perguntas que mais escuto em Psicoterapia é: “Isso é normal?”), mas com sentir-se em paz com as próprias ações e relações.

Agora, convenhamos: se estamos o tempo inteiro querendo aproveitar todas as oportunidades da vida, em um mundo de tantos estímulos como o nosso, não há tempo e nem espaço para percebermos o que é, realmente, bom e satisfatório no momento. E se fazemos simplesmente aquilo que nos satisfaz os sentidos e desejos, então sempre daremos as mesmas respostas, repetindo-nos eternamente – enquanto isso durar. Tudo bem, você poderia dizer que nossos desejos mudam com o tempo. E eu direi que eles mudam de fachada, mas que permanecem tendo a mesma tônica. E que se nos mantivermos no mesmo tom, possivelmente não superaremos certas dificuldades, devidas a maneiras cristalizadas de ver a vida.

Sim, é preciso coragem para ousar fazer diferente. Tentar, permitir, inventar o novo e mais satisfatório em nossa vida! Fazer silêncio interior para entrar em contato com as próprias necessidades, e aí então observar o que é necessário para satisfazê-las. Se isso for possível. Se não for, também pode fazer bem sustentar a frustração e a sensação de vazio – quem sabe daí não surge o novo, nunca antes percebido dentro de nós?

Acredito que é assim que podemos nos reconstruir, de fato. Descobrir, na escolha com consciência, o que é bom para nós. E então virmos a contar/aprontar “o resumo do supra-sumo do nosso prazer”. Ou – ousemos! – do nosso ser mais essencial.

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