Por Juliana dos Santos Soares
19/02/2018
Dizem que, no Brasil, o ano só começa de verdade depois do carnaval. Embora ache essa perspectiva feia, rendo-me à disposição que tomou conta de mim no início desse ano. Muitas mudanças vêm por aí, e senti-me em clima de fechando-um-ciclo-antigo (o que traz um certo cansaço e melancolia), misturado com preparativos-para-uma-nova-fase (com boa animação). Assim, aproveito essa semana pós-folia para reiniciar a escrita e compartilhar ideias e perspectivas a respeito de mudanças.
Sobre mudar
Começar um novo ano, um novo projeto, um novo relacionamento, um novo ciclo de vida… Terminar um projeto, deixar um trabalho, deixar (ou ser deixado/a) num relacionamento… Tudo isso são mudanças. É sair de um lugar na vida e ir para outro. E penso que mudar demanda de nós uma certa postura, de saber que:
Tem a ver com escolhas.
Há momentos em que as mudanças chegam na nossa vida porque nós decidimos que será assim. Escolhemos que não queremos mais uma situação/relacionamento/jeito de viver, e corremos atrás do que queremos. E há aquele outro tipo de mudança, em que a vida nos surpreende e nos leva a fazer essa travessia, queiramos ou não. Perder alguém querido/a, ter que deixar um trabalho ou lar, são alguns exemplos. E não é porque não foi nosso desejo que esse tipo de mudança deixa de ter a ver com escolha. Podemos decidir a forma como vamos vivê-la, se com mais resistência ou mais entrega, deixando as coisas acontecerem e contribuindo para uma nova realidade. Depende de que sentido nós damos à nossa experiência.
Tem a ver com atitude.
Com uma certa agressividade, no sentido de saber o que se quer, manter o foco e agir nessa direção, aproveitando atentamente as boas oportunidades. Mas também um outro tipo de atitude: a de, conscientemente, parar, se acalmar, prestar atenção ao que a vida e as circunstâncias estão mostrando, avaliar se o caminho é por ali mesmo, entrar em contato consigo e perceber as próprias necessidades no momento. A preciosa pausa antes do próximo movimento.
Tem a ver com humildade.
A raiz etimológica da palavra humildade é humus, que significa “terra”. Portanto, trago aqui a humildade relacionada a ter os pés no chão. A saber, e valorizar, aquilo que já possuímos em nossa bagagem – o que já aprendemos, já sabemos… Mas também saber das nossas limitações, saber que queremos ir além, aprender e adquirir coisas novas, conhecer novas pessoas, realidades, lugares, amores…
Tem a ver com abertura e flexibilidade.
Com fazer planos, mas não se apegar a eles. Os planos são necessários, como um norte, mas é sábio reavaliá-los e, se necessário, refazer a rota. Eu já falei disso no texto sobre criar expectativas e lidar com a frustração. Estou convencida de que, quando partimos numa jornada, podemos encontrar recursos e resultados que nossa mente atual (a da partida) não consegue nem imaginar. Por isso, prefiro falar de intenções e aspirações, ao invés de objetivos e metas.
Para fechar essas ideias, compartilho a linda canção da Zélia Duncan e da Mart’nália, Benditas. Desejando que todas e todos nós, em nossos momentos de mudança, possamos bendizer nossos “verdes ainda não maduros”.